FETAR-RS Realiza 3° Encontro Regional de Mulheres Assalariadas Rurais da Região dos Campos de Cima da Serra

FETAR-RS Realiza 3° Encontro Regional de Mulheres Assalariadas Rurais da Região dos Campos de Cima da Serra

FETAR-RS Realiza 3° Encontro Regional de Mulheres Assalariadas Rurais da Região dos Campos de Cima da Serra

Encontro aconteceu na sede do STR de Vacaria, nos dias 27 e 28 de novembro.

Vacaria foi palco de discussões e muito conhecimento a cerca do olhar feminino e sua influência para movimentar e melhorar os encaminhamentos sobre os direitos trabalhistas, uso de agrotóxicos e suas consequências e também um tema recente mas que tem preocupado as lideranças e pesquisadores que é o autismo e suas consequências.

Dando as boas-vindas às participantes, Sérgio Poletto, Presidente do STR de Vacaria e Muitos Capões, anfitrião deste evento e também vice-presidente da Fetar-RS, falou da importância desse momento de encontro e discussão, deixando as participantes à vontade para perguntar, sugerir e opinar sobre os assuntos tratados.

Na pauta, Dra. Alice Hertzog Resadori, integrante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, trouxe dados impactantes sobre o consumo, intoxicações, e as mais diversas consequências que o uso irregular sem os equipamentos de proteção e os cuidados com o manuseio deles após o uso.

As mulheres sofrem muito mais impactos relacionados aos agrotóxicos do que os homens, pois causa alterações na fertilidade, tireoide, aumento de chances de abortos, má formação fetal, gestação de risco aumentada, além de formação de crianças com transtornos do espectro autista e a puberdade precoce de meninas.

Os agrotóxicos não pagam impostos. Em 2024, de janeiro a agosto o Brasil deixou de arrecadar mais de 10 bilhões com as isenções de impostos dadas aos agrotóxicos. Uma ação tramita no STF para exigir que esses produtos passem a pagar impostos relativos aos danos que causam na saúde e as consequências que acarretam ao longo dos anos.

Alice orientou quando é possível fazer uma denúncia, porém a fiscalização dos órgãos responsáveis ainda é insuficiente. As demandas são repartidas entre os órgãos. Quando é saúde, se encaminha para o pronto-atendimento, quando é produção, se busca pela Emater ou Mapa. E por isso se dificulta a unificação das informações. Sugere-se que em casos de denúncia, que sejam coletivas. Busquem pelo sindicato, pela promotoria, pra que não sejam pessoais, para correrem o risco de ficar marcadas, sujeitas à represália por parte dos que tem mais força e poder aquisitivo.

Outro tema que se levantou foi o Autismo. Sabendo que é um transtorno genético mas tem também fatores ambientais que influenciam os genes ainda em formação. Por isso, iniciada em agosto, uma importante pesquisa está mapeando e georeferenciando as famílias com autistas e suas residências muito próximas da áreas de plantio, além da bacia de captação do município, que esta praticamente dentro de uma lavoura. São dados importantes que sugerem a incidência do uso de agrotóxicos e que precisam de intervenções pensadas, com saídas coletivas de forma que não prejudiquem os moradores, nem o agro, nem os trabalhadores, que dependem do emprego para sobreviver. A pesquisa ainda está em andamento, e espera-se coletar 100 entrevistas para poder finalizar o estudo.

Na sequência, Dr. Anderson José Ramos Monteiro trouxe uma exposição sobre o autismo e suas consequências, abordando os sinais de alerta e a importância de perceber ainda na infância para iniciar as terapias e minimizar os danos.

Depois, a Coordenadora do Comitê latino-americano de mulheres da União Internacional de Trabalhadores da Agricultura, Jaqueline de Souza Leite, trouxe uma formação de lideranças femininas, tratando a importância dos sindicatos e a sindicalização da trabalhadora, tratando o evento como uma oportunidade para multiplicar a informação, como um compromisso e um privilégio.

As participantes foram motivadas a uma dinâmica de grupo, onde puderam expor problemas que enfrentam em seus locais de trabalho e formas de melhorar e mudar a realidade. Houve grande participação e discussões se levantaram para troca de experiências e novas possibilidades de mudanças.

Concluindo a tarde, foi criada a Comissão de Trabalhadoras Assalariadas Rurais de Vacaria, onde o grupo já definiu um colegiado para organizar reuniões de trabalho junto com a Fetar e estarem alinhando as ações que começam a ser pensadas a partir de hoje. Foram eleitas coordenadoras: Mileide Dutra, Vanderleia Silva Monteiro e Ana Carolina Almeida de Sousa e como suplentes: Rosane Pereira, Ana Paula Ferreira Dondoni e Carolaine Pinheiro Grzyboksi.

Sérgio Poletto, presidente do STR de Vacaria e Muitos Capões e também Vice-Presidente da Fetar-RS avalia o evento como produtivo e essencialmente importante: “Questões de saúde, de cuidados, uso de agrotóxicos e também ao grande número de crianças que estão sendo diagnosticadas com autismo, sendo conhecidos já os primeiros dados com a pesquisa que está em andamento. Esse encontro chama a atenção para o trabalho de grupo, a troca de experiências e infelizmente a informação que ainda existe e é uma realidade, onde as mulheres ainda ganham menos salários que os homens, em cargos equivalentes. Esse encontro veio para ficar, e a tendência que seja ampliado e para o próximo ano, seja feito em um local maior que possa abranger toda a região.” – pontua o presidente.

A Comissão de Trabalhadoras Assalariadas Rurais de Vacaria já definiu a primeira reunião de trabalho, que acontecerá na modalidade online, através de video-chamada no dia 16 de janeiro de 2025, às 20h.